ANÁLISE DAS ELEIÇÕES 2020 EM SÃO MATEUS – Laurinho Barbosa (PSL): Baixo desempenho com falta de liderança e estrutura inadequada de campanha

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Ex-vereador e ex-presidente da Câmara de São Mateus, Lauro Santos Barbosa, o Laurinho (PSL), 64 anos, voltou à política após 12 anos como candidato a prefeito nas Eleições 2020 pela coligação Unidos pela Reconstrução de São Mateus (PSL, DEM, PTC e PSC). Laurinho foi o quinto colocado entre os 10 postulantes ao cargo, com 1.801 votos (3,14%). O mau desempenho nas urnas pode ser explicado por diversos fatores, incluindo ter o nome colocado de última hora, descolamento da chapa de candidatos(as) a vereador(a) e erros na estrutura/estratégia de campanha, com gastos de R$ 30 mil.

Laurinho Barbosa teve como candidato a vice-prefeito o produtor rural Eduardo Rodrigues da Cunha, o Duzinho (DEM), 65 anos. Durante o pleito, a chapa majoritária demonstrou muita união, empatia e entrosamento, com muito conhecimento prático sobre os diversos setores da administração pública, mas teve dificuldades para converter o trabalho realizado em votos. Foi a opção de nome do Democratas, embora o partido tenha trabalhado na fase de pré-campanha o nome do professor Keydson Quaresma Gomes, que desistiu da disputa e também não se envolveu diretamente na campanha.

Portanto, a aliança de Laurinho, fora da política desde 2008 (concorreu a vereador e obteve 420 votos) com Duzinho, que vinha de uma candidatura a deputado estadual em 2018 (obteve apenas 190 votos) indicava a necessidade de profissionalismo, criatividade e determinação para buscar o voto do Eleitor, diante de um cenário já colocado de outros oito candidatos de oposição e a então candidatura competitiva à reeleição do prefeito Daniel Santana. As idades dos candidatos a prefeito e a vice (64 e 65 anos) também seriam desafios na conquista do eleitorado, especialmente na campanha atípica por conta da pandemia da covid-19.

PLANO DE GOVERNO

O Plano de Governo definiu “a transparência e o combate à corrupção como metas inegociáveis”, destacando que “é possível fazer muito mais com os atuais recursos” do Orçamento Municipal de São Mateus. Laurinho e Duzinho apresentaram propostas concretas nos mais diversos setores, porém, a meu ver, faltaram dar uma atenção mais especiais aos principais gargalos da atual administração, que se mostrado incompetente para resolver definitivamente o problema de abastecimento de água e a falta de ações para geração de empregos e renda.

A exemplo de outras candidaturas, Laurinho apresentou a Barragem do Córrego Bamburral (já encampada pela Assenor) e a mudança do ponto de captação de água bruta no Rio Cricaré como medidas a serem adotadas, mas faltou consistência nas propostas. Não houve apresentação de um projeto técnico já pronto ou encaminhado, a participação de membros da Assenor ou do Governo do Estado destacando avanço dos encaminhamentos, algo que convencesse mais o Eleitor. Um aspecto indicativo de falha na coordenação geral da campanha, notado também nos vídeos improvisados que compuseram o material eleitoral.

Definido como candidato de direita e conservador, o ex-policial rodoviário federal Laurinho teve dificuldades para vincular politicamente o seu nome ao do Presidente Jair Bolsonaro diante dos problemas internos do PSL no Espírito Santo, cuja direção estadual está próxima governador Renato Casagrande (PSB). Mais uma vez, faltou coordenação prática ao discurso dentro do dinamismo da campanha majoritária, que mostrou pouca liderança diante dos(as) candidatos(as) a vereador(a).

E, quando isso acontece, as propostas de governo e o nome do candidato não chegam com a devida força às ruas. Este aspecto de desvinculação nomes/propostas seria comprovado mais tarde com a votação da chapa proporcional (PSL – 6.000 votos e DEM – 2.440) em comparação à de prefeito e vice-prefeito (1.801 votos).

O ‘PESO’ DAS “FAMÍLIAS TRADICIONAIS”

Pertencentes a “famílias tradicionais” de São Mateus, os “mateenses natos” Laurinho e Duzinho não conseguiram posicionar com equilíbrio esse discurso entre os apoiadores voluntários na internet. Numa cidade com mais de 130 mil habitantes fazer uma espécie de seletividade entre os eleitores, como também ocorreu com Eliezer Nardoto e Carlinhos Lyrio, acaba soando como exclusão.

E as famílias radicadas em São Mateus há mais de 40, 30, 20 ou 10 anos, com suas respectivas contribuições ao desenvolvimento do Município, não contam? E o voto dos eleitores que chegaram recentemente em decorrência de a Cidade ter se tornado um polo de educação ou do polo de saúde não valem? Não se pode esquecer um forte componente de toda campanha eleitoral é a emoção, o sentimento.

CAMPANHA SEM ESTRUTURA

A candidatura a prefeito de Laurinho Barbosa não teve uma estrutura para uma campanha competitiva. Segundo levantamento parcial da Justiça Eleitoral, o PSL repassou R$ 30 mil e constava até esta segunda-feira (7/12) como fonte única dos recursos financeiros da chapa majoritária. Havia a necessidade de buscar meios alternativos legais de captação de recursos, o que não ocorreu.

O reflexo foi visto na visibilidade limitada de Laurinho na campanha de rua e também na internet e nas redes sociais, por conta de uma estrutura profissional de comunicação e marketing. A coligação Unidos pela Reconstrução de São Mateus dispunha do segundo maior tempo nos programas eleitorais no rádio e na TV (1 minuto e 45 segundos), além das inserções avulsas, mas a ferramenta foi mal aproveitada, o que não fica impune numa Cidade com cinco emissoras de rádio e uma de TV.

Quanto aos debates realizados, Laurinho Barbosa tinha propostas e conhecimento que lhe permitiriam um desempenho melhor, mas abdicou do confronto direto com o então candidato à reeleição. A meu ver, deveria ter sido mais incisivo nas bandeiras da “transparência e do combate à corrução” e nos diversos pontos fracos da atual gestão municipal, inclusive utilizando os programas de propaganda eleitoral gratuita para isso. A marca que fica para Laurinho é de uma candidatura correta, com bom Plano de Governo, mas carente de liderança e sem competitividade por conta da falta de estrutura adequada de campanha.

CHAPAS DE VEREADORES

As chapas de candidatos(as) a vereador(a) de Laurinho Barbosa-Duzinho obtiveram bom desempenho nas urnas, alcançando 8.840 votos.

O PSL conquistou, no total, 6.000 votos, conseguindo eleger um vereador: Isael Aguilar (PSL), com 947 votos; seguido de Isamara da Farmácia (737 votos) e Pedro Teodoro (674 votos).

Já o Democratas obteve 2.440 votos, mas não teve vereador(a) eleito(a). Os candidatos mais votados foram Glesson Borges (376 votos), Janildo Thomaz (366 votos) e Drª Jakeline (285 votos).

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