ANÁLISE DAS ELEIÇÕES 2020 EM SÃO MATEUS – Cida Negris (PV): candidatura inédita exigia preparação à altura, inclusive do partido

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Primeira mulher a disputar a eleição como candidata a prefeita nos 476 anos da história de São Mateus, Maria Aparecida Negris Ferreira, a Cida Negris (PV), 55 anos, obteve a menor votação dentre os 10 postulantes ao cargo de Chefe do Executivo nas Eleições 2020: apenas 191 votos.

Mateense, Cida Negris é atriz, produtora cultural, professora, pós-graduada em Docência do Ensino Superior, bacharela em Turismo, técnica em Contabilidade e Administração, artesã, ceramista, escultora e instrutora de yoga.

O currículo poderia tê-la ajudado a ir mais longe no pleito, mas, paradoxalmente, faltou preparo à candidata para representar à altura a força política da mulher no feito histórico. E isso tem explicação:

1 – O PV passou todo o período da pré-campanha tendo o engenheiro agrônomo Welington Secundino, o Welington do Incaper, como pré-candidato e o presidente em exercício Herikson Locatelli como porta-voz do partido diante das articulações.

2 – O PV manifestou apoio a Elisângela Nascimento, a Preta (PSB), que lançara sua pré-candidatura a prefeita. Mas, diante da não confirmação do nome da socialista, foi questão de honra manter o projeto de ter uma mulher na disputa do Executivo e foi definido o nome de Cida Negris, que estrearia nas urnas.

O candidato a vice-prefeito foi o servidor público federal Jarilson Lopes Gonçalves, 41 anos (que, até então, disputaria uma vaga de vereador), formando uma chapa puro-sangue do PV.

Apesar do feito histórico, o PV também teve sua parcela de responsabilidade na criticada falta de uma articulação de consenso entre os candidatos de oposição ao prefeito Daniel Santana, então candidato a reeleição. Foi claramente notado que o partido não havia se estruturado para a apresentação de uma candidatura majoritária, e Cida foi pega de surpresa com o desafio.

CAMPANHA ELEITORAL

O PV, que já vinha de um trabalho tímido na pré-campanha, começou do zero no período oficial da propaganda eleitoral. Sem recursos financeiros e com chapa de candidatos(as) a vereadores(as) sem figurões, o partido, Cida e Jarilson definiram que usariam as redes sociais para chegar até o Eleitor.

No entanto, o fato de todo o grupo central ser inexperiente em eleições, somado à falta de estrutura para montar uma equipe profissional de marketing político, evidenciou um erro grave numa candidatura a prefeita de uma cidade de 130 mil habitantes: a chapa Cida-Jarilson não conseguiu deslanchar a campanha eleitoral nem nas ruas, nem na internet e nas redes sociais.

O Plano de Governo foi bem elaborado, bastante propositivo para a área da Cultura, por exemplo. Mas sem propostas contundentes em áreas cruciais no debate da sucessão, como solução definitiva para água potável e saneamento básico.

Além disso, Cida apresentou falhas na conversa direta com o Eleitor e evidenciou grande dificuldade na comunicação oral, o que viria a ser notado durante os debates com os demais candidatos.

O PV teve direito a apenas  11 segundos dos 10 minutos que compunha cada programa de propaganda eleitoral gratuita nas cinco emissoras rádio e em uma de TV, além das inserções ao longo da programação. O aproveitamento foi ínfimo.

Como votar numa candidata desconhecida politicamente e que, por falta de assessoria, não faz o uso correto das parcas ferramentas de que dispõe? Cida, que teve também o apoio do marido, o dramaturgo Oscar Ferreira (que concorreu como candidato a vereador), não conseguiu sequer engajar a classe artística e da cultura no projeto de gestão municipal. E também não somou o fato de ser de ‘família tradicional mateense’.

COMUNICAÇÃO

A decisão do partido de não estabelecer um discurso de confronto de ideias e ações, especialmente com a gestão atual, deu um tom frio à campanha do PV, tirando o ímpeto de quem quer ganhar a eleição; e não apenas participar.

A ideia do ‘jeito novo de fazer política’ teria que ser iniciado antes. É dificílimo obter êxito na busca por implantar um novo conceito de ação na área em plena campanha eleitoral curta, e atípica por conta das restrições pela covid-19.

Um aspecto a ser destacado é que a ‘Comunicação Social’ da campanha foi muito dependente do presidente do PV, Herikson Locatelli, por conta de sua capacidade de oratória.

Porém, cabem duas ressalvas: da forma que foi feito, ofuscou o necessário protagonismo da candidata a Prefeita; e, ainda que legítima, poderia ter sido evitada a atuação política simultânea com a da presidência do Sindserv, por conta do conflito de interesses.

CHAPA DE VEREADORES

Nas lives do PV, principal ferramenta utilizada nas redes sociais, a candidata a vereadora Ceiça do Vipa já se mostrava bastante articulada. Foi reconhecida com a expressiva votação (1.214 votos), mas o partido não conseguiu alcançar o quociente eleitoral para vaga na Câmara Municipal.

Os nove nomes (masculinos e femininos) na disputa proporcional pelo PV obtiveram um total de 1.818 votos.

VEJA TAMBÉM:

Análise do desempenho dos candidatos a prefeito de São Mateus-ES a partir desta segunda (30/11)

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1 COMENTÁRIO

  1. O presidente atual do PV tem uma falha grave de “avaliação”: não considera válidas as opiniões de gente de idade!!!
    Parece mentira, mas minhas contribuições até foram apagadas do grupo PV do Zap.
    Cretinice extrema.
    E uma “comixão” de ética só deve acordar em 2030…

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