Nínive e São Mateus

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DEUS, O POVO E AS AUTORIDADES

André Oliveira*

O sofrimento da comunidade diante da crise hídrica em São Mateus remete-nos, como cristãos, à narração sobre Nínive, na Bíblia Sagrada. A história do profeta que desobedece à ordem de Deus para a evangelização e acaba engolido por um grande peixe ofusca o ensinamento principal do Livro de Jonas.

A Cidade de Nínive viu-se diante de um problema extremamente grave, que provocaria a morte de todos os seus moradores. Pelas descrições bíblicas, as pessoas eram egoístas, não se importavam umas com as outras, a prática da maldade e de crimes, junto com o preconceito e as desigualdades sociais, era rotina. A vida humana não tinha mais valor.

O conivência e o comodismo das autoridades, diante de todos esses problemas, era latente. Havia muita corrupção, os interesses particulares sobrepunham-se às reivindicações coletivas e não havia diálogo do rei com o povo. A desunião imperava. Os valores éticos e morais eram desprezados.

 
A Bíblia relata que, na sua infinita misericórdia, Deus viu a maldade daquele povo. E a sentença de morte da Cidade, diante da prática em larga escala do pecado, também era a oportunidade dada pelo Senhor para a mudança total do quadro negativo. Jonas foi o portador da mensagem divina. O profeta deveria percorrer toda a extensão de Nínive (levando três dias para isso) e dar o aviso: “Dentro de quarenta dias, Nínive será destruída” (Jonas 3:3).

E o resultado foi surpreendente: “Então os moradores de Nínive creram em Deus e resolveram que cada um deveria jejuar. E todos, desde os mais importantes até os mais humildades, vestiram roupa feita de pano grosseiro a fim de mostrar que estavam arrependidos”(Jonas 3:5). Isso mesmo! As pessoas se uniram numa grande mobilização e fizeram o que tinha de ser feito frente àquela ameaça de morte!

Quando a notícia chegou aos ouvidos do rei, a Bíblia relata que ele “levantou-se do seu trono, tirou o manto, vestiu a roupa feita de pano grosseiro e sentou-se sobre cinzas”. E lançou um anúncio aos ninivitas: “Esta é uma ordem do rei e dos seus ministros. Ninguém pode comer nada. Todas as pessoas e também os animais, o gado e as ovelhas estão proibidos de comer e beber. Que todas as pessoas e animais vistam roupas feitas de pano grosseiro! Que cada pessoa ore a Deus com fervor e abandone os seus maus caminhos e as suas maldades! Talvez assim Deus mude de ideia. Talvez o seu furor passe, e assim não morreremos!” (Jonas 3:7-8).

A atitude de arrependimento mediante a fé fez o Senhor voltar atrás no que pretendia fazer. O relato é de que Deus viu o que os ninivitas fizeram, abandonando falhas, erros e pecados, e Ele voltou atrás na intenção de destruir a Cidade.

Assim como São Mateus, Nínive tinha uma população de mais de 120 mil habitantes. A Rainha do Cricaré desenvolveu-se às margens do Rio Cricaré, faz limite com o Oceano Atlântico e é a cidade referência no norte capixaba, servida pela BR-101. Nínive era uma junção importante para as rotas comerciais cruzando com o Rio Tigre. Ocupava uma posição central na grande estrada entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico, unindo o Oriente e o Ocidente. Recebia a riqueza que fluía de várias fontes; era a capital do Império Assírio.

No caso de Nínive, a reflexão é de que tudo aquilo seria transformado em nada sem a vida humana! Deus colocou em prática um plano de salvação para os ninivitas; eles aceitaram-no e viveram (certamente com novos conceitos de vida e conduta). Com chances bem maiores de sobrevivência (física e espiritual), os mateenses também são ameaçados com as consequências de uma crise hídrica das mais extremas. Quando falta água, falta vida! Aprendi a crer que a água da vida é o Senhor Jesus Cristo. E o plano de salvação Dele já está proposto.

Precisamos de união, mobilizarmo-nos em orações por chuvas na região. Com o coração contrito, rever atitudes e repensar o futuro! Às autoridades cabe adquirir a sensibilidade para ouvir a voz do povo e, com direção de Deus e capacidade de decisão, esforçarem-se para buscar meios de resolver o problema. Sofrendo junto com os moradores, valorizando a vida! Deus há de nos honrar! “E não hei de eu ter compaixão da grande cidade (…), em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”.

(*Jornalista e radialista, evangelista, coordenador do Projeto Visão Atalaia)

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