‘Escola chata’ ou secretário incompetente?

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Desde que o polêmico projeto Escola Viva passou a ser imposto à comunidade escolar pelo governo do Estado, o secretário de Educação, Haroldo Rocha, pressionado pelo governador Paulo Hartung, como gostam de dizer por aí, tem “tropeçado nas próprias pernas”.

O problema é que Haroldo sempre defendeu o projeto na visão de um marqueteiro e não como um técnico em educação. Quando abortou a discussão com a sociedade civil organizada, o secretário deixou claro que o Escola Viva não era projeto um da comunidade, mas do governador. Por isso, nunca passou pela cabeça de Hartung submetê-lo ao debate público.

Hartung, quando começou a esboçar as estratégias do projeto, já tinha definido os objetivos do Escola Viva de acordo com seus interesses políticos. Ele queria lançar um projeto de educação que rapidamente pudesse ser exposto na vitrine, de preferência para colher resultados antes do processo eleitoral de 2016 – um dos motivos do atropelo do projeto, que iniciou suas atividades nessa segunda-feira (27) em São Pedro, mesmo sobrando vagas.

Nessa segunda, na coluna Praça Oito de A Gazeta, Haroldo “deu respostas” aos questionamentos que parte da sociedade vem fazendo ao projeto. Em tom arrogante, o secretário soltou uma série de “pérolas” que confirmam sua incapacidade para estar à frente da Secretaria Estadual da Educação.

“Até então, o filho do pobre só tinha uma possibilidade: fazer a escola chata do meio expediente. Agora pode vir para Escola Viva”. 

Nessa frase infeliz, sem perceber, Haroldo condenou todas as escolas da rede pública. Ele está desdenhando de todo o trabalho feito no dia a dia por professores abnegados, que se superam em sala de aula, trabalhando com pouca ou nenhuma estrutura, para tentar transformar a vida de milhares de jovens que, muitas vezes, têm na escola a sua única oportunidade de inclusão social.

A frase, logicamente, também mexe com a autoestima dos mais de 300 mil alunos da rede pública estadual. Qual a motivação que eles terão para continuar estudando nas “escolas chatas”? O insucesso da educação pública se deve então à “chatice” das escolas criadas pelo próprio poder público? Quer dizer que pais e alunos foram enganados todos esses anos pelo poder público?

Além da insensibilidade do secretário em fazer afirmação tão disparatada, a frase também revela a arrogância do atual governo, que se julga dono de um “projeto mágico” que irá revolucionar a educação no Estado.

Prematuramente, no primeiro dia de atividade do projeto-piloto, que ele não sabe ainda se vai dar certo, o secretário condena a educação nas 506 escolas da rede pública estadual. Como quem vaticina: “A educação se divide em duas fases: antes do Escola Viva e depois do Escola Viva. O que ficou para trás, não presta”.

Ao mesmo tempo em que condena “o resto”, o secretário anuncia que até o final do governo Hartung serão implantadas 30 unidades d Escola Viva. Isso representa menos de 6% das escolas da rede. Se o governo promete implantar, em média, 30 escolas em quatro anos, precisará de 67 anos para substituir as 506 “escolas chatas” por Vivas, ou seja, a maioria dos alunos da rede terá que se conformar em estudar em “escolas chatas” por mais alguns anos.

(Fonte: Século Diário)

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